Trio
Mesmo com toda admiração pelos trios de Oscar Peterson, Bill Evans e outros do jazz, da linguagem dos teclados usada por Emerson, Lake and Palmer ou da estética mais ousada de Medesky, Martin and Wood, sempre preferi me concentrar mais nas composições e arranjos.
Durante a pandemia, devido ao isolamento social, pude reencontrar minha técnica pianística livre das urgências do mundo das trilhas sonoras. Reunindo programações, loopings e o tradicional metrônomo, comecei a praticar intensamente e as gravações desse período começaram a revelar outras possibilidades para músicas que já tocava há tempos e para compor novamente inspirado pelo que tocava nos instrumentos.
Entre tantas colaborações à distância que fiz com músicos queridos em 2020, resolvi escrever um tema para o baixista André Carneiro, companheiro de tantos shows e gravações sempre com ótimos resultados em situações de groove, solos, técnica ou leitura.
Assim chegou o tema “Carneirinho, Carneirão” e depois que gravamos o baixo chegamos ao baterista ideal para a situação, que estava tão próximo, que não vimos de primeira vista: C.A Ferrari com quem já trabalhei muitas outras vezes e que havia feito a seção rítmica com André acompanhando o cantor japonês Miyazawa Kazufumi, meu parceiro de longa data, quando em suas tournées pelo Brasil.
Para quem é socio fundador e mestre do Monobloco, afirmar que “tudo que toco é pensado primeiro na bateria”, revelada por C. A nas gravações de meu disco “Festa com Orquestra” em 2019 me intrigou e ficou guardada até que a oportunidade se apresentou.
A ideia desse TRIO é tocar música de energia e intensidade, em que o virtuosismo e a técnica estejam a serviço da expressão artística.
Performance e comprometimento como na tradição de música tocada.
Computadores e sequencers, só na preparação junto com partituras e demo referências trocadas pela Internet.
A ideia é contar 4 e ensaiar para gravar áudio e vídeo no final de 2020 com a meta de colocar o TRIO na rua em 2021.
Nunca houve época melhor para isso!
André Carneiro é um músico que ataca em muitas praias sempre com categoria. Groove, leitura ou improviso, desde 1998 quando fizemos uma das muitas tournées com Sambatown, quinteto de Marcos Suzano que corremos o mundo. Resolvi compor esse tema em sua homenagem e a partir daí, com a chegada de C. A Ferrari formou-se o trio que começa ensaios para gravação ainda esse ano. A música avança e se transforma. Sempre. |