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TRILHAS SONORAS: entre o mundo encantado e a vida real

No estúdio ou ao vivo, o pianista, arranjador e compositor Fernando Moura já acompanhou a nata da MPB. Entre outros orgulhos no currículo, dividiu o palco com monumentos da música, a exemplo do produtor George Martin, o quinto Beatle, e de Chuck Berry, o pai do rock. Em sua trajetória solo, Moura também segue percurso bem singular, com discografia sucinta que abre novos caminhos para o jazz brasileiro. Tem mais: na usina de sons do seu estúdio no bairro carioca de Botafogo, ele leva adiante fértil, longeva e premiada carreira como criador de trilhas sonoras. Compôs a primeira, para teatro, em 1976, e não parou. Cinema, TV, rádio, séries, publicidade, internet, o mercado cresceu e se multiplicou e, sempre requisitado, Fernando Moura acompanha essa história. 

Você pode estar achando que leu, até aqui, aquela ladainha enaltecedora típica das orelhas de livro, mas note bem: é fundamental entender que um artista com essa bagagem toda decidiu, generosamente, compartilhar sua rica experiência. Moura trocou o teclado do piano pelo do computador e dedicou-se, com a seriedade de sempre, ao texto deste Trilhas Sonoras: entre o mundo encantado e a vida real. Seus colegas no ramo vão encontrar no livro conselhos preciosos, dicas tremendamente práticas e casos exemplares. Leigos aprenderão um bocado: antes de descer a detalhes de sua rotina profissional, o autor fala sobre a presença da música incidental, da commedia dell’arte no século XVI aos dias de hoje, passando pelos primórdios do cinema, nos últimos suspiros do século XIX. Nesta estreia literária, Fernando Moura dá uma aula, com o humor e a galhardia que, como jornalista, tenho o prazer de acompanhar há três décadas. 

Pedro Tinoco – jornalista