especializado em produções musicais
 

5-Gonguê com Carlos Negreiros

Gonguê com Carlos Negreiros (2004)

 

Dentro de um cenário musical onde a música brasileira estava vivendo um dos seus melhores momentos desde a bossa nova, vivíamos num clima de descoberta e valorização de nossos ritmos que inundavam os arranjos não só de MPB, mas na música internacional também começavam a aparecer as primeiras associações com ritmos mais dançantes, os briefings para trilhas sonoras de cinema, tv e publicidade sempre chegavam com uma recomendação de “alguma coisa bem brasileira, prá cima” e projetos educacionais se multiplicavam tendo como inspiração a música brasileira. 

Nesse âmbito, o projeto “A cor da cultura” da Fundação Roberto Marinho deu muitos frutos como séries para o Canal Futura, shows e material didático valorizando a origem africana de nossos ritmos, estabelecendo uma trajetória entre instrumentos e linguagens dos cantos ancestrais até a atualidade do rap e junções com batidas de hip hop.

A participação do percussionista, cantor e compositor Carlos Negreiros para ser meu parceiro nessa empreitada foi extensão natural de trabalhos de trilhas sonoras que realizamos juntos entre os quais os seriados “Heróis de Todo Dia” e “Livros Animados” do Canal Futura que abordavam temas relacionados à cultura Afro Brasileira, assunto em que Negreiros é referencia teórica e prática com uma bagagem de muitos shows e discos em sua trajetória.

O processo foi simples: dividimos os instrumentos de percussão em famílias  sonoras de acordo com os materiais predominantes em sua construção. Couro, madeira, palha, metal e suas combinações foram sampleados cuidadosamente com os sons tocados individualmente e depois com levadas pré estabelecidas já sugerindo os ritmos que serviriam de base às composições posteriores.

Assim o metal do agogô já foi gravado com um desenho rítmico característico que serviu à composição da faixa “Afoxé” onde acrescentamos marimbas, Negreiros trouxe uma melodia vocalizada e acrescentamos alguns scratches que não ficaram circunscritos apenas à faixa Hip Hop que têve a participação do rapper gaucho Jards Goldblack e onde a batida básica foi feita com tambores acústicos tocados por Negreiros.

Gouguê foi distribuído em escolas e seu conteúdo musical foi usado didaticamente no ensino e conhecimento das tradições afro brasileiras que tanto alimenta a música brasileira através dos tempos e naquela altura de 2004 estava num fascinante movimento ascendente.

Ouvindo novamente o CD 15 anos depois, fico feliz em constatar que conseguimos um resultado que equilibra muito bem os pedidos didáticos com um toque artístico e pessoal de composição na elaboração das 11 faixas que compôem Gonguê.

 

Imagem da Galeria Capa Gonguê
Imagem da Galeria Contracapa Gonguê