2-Cinema tocado

Cinema Tocado
Lançamento Independente 1992

No final da década de 80 e início da década de 90 dividia meu tempo entre a atividade de criação e produção de trilhas sonoras para cinema, tv e teatro dividia minha atuação profissional como músico acompanhante de cantores de MPB como Marisa Monte e Elba Ramalho e participações como músico convidado na Cor do Som, no Trio Elétrico de Armandinho, Dodô e Osmar e no quarteto de Paulo Moura.
Assim sendo, o repertório do segundo álbum autoral misturava versões de temas compostos originalmente para cinema (Que bom te ver viva, Assim na Tela como no Céu, Viagem de Volta) tv (Carmem de Bizet em arranjo altamente influenciado por Blade Runner e que serviu à abertura da novela exibida com grande sucesso na tv Manchete) além de uma versão para “Eu sonhei que tu estavas tão linda” encomendada para um comercial de tv e temas instrumentais compostos para o disco.
Tentei seguir a mesma idéia de instrumentação a partir de um grupo básico agora com David Ganc, Rodrigo Campelo e depois Flávio Medeiros, Ronaldo Diamante, Rui Motta e a incorporação de Marcos Suzano ao “elenco fixo”. Para cada faixa ou quase isso convidei músicos que ia conhecendo e trabalhando ao longo do desenrolar da minha carreira e assim vieram Juarez Araújo e Armandinho Macedo em “Eu sonhei que tu estavas tão linda”, Oswaldinho do Acordeon, Bocatto e Reppolho em “Assim na tela como no céu”, Jamil Joanes e Ricardo Palmeira em “Carmem” e os inesquecíveis Marcio Montarroyos em “A volta de Sumatra” e Paulo Moura em “Ipanema Blues”. Esperei muito pelo Ed Motta que tinha acertado uma participação em “Goodbye Pork Pie Hat” de Charles Mingus que consegui os direitos de gravação graciosamente da viúva do baixista, Susan Mingus, mas ele desistiu no dia alegando uma crise de asma que nunca soube ao certo a causa e mesmo preparado para o duo, mantive meu objetivo registrando em piano solo a balada do grande baixista.
Completa o repertório o tema “Criação de Bicudos” que foi gravado ao vivo com os músicos que formavam comigo a banda que acompanhava a cantora Marisa Monte na época com destaque para o solo de guitarra de Luiz Waack e a bateria do inesquecível Gigante Brazil. Fomos direto depois do show em temporada no Canecão fazer o que acabou sendo a última gravação do Estúdio Transamérica do Rio de Janeiro, devido ao nefasto plano Collor decretado no dia seguinte, um sábado, sem chance de defesa para quem não dispunha de informações privilegiadas, num procedimento que se repetiria muitas vezes ao longo de nossa história. 
Embora tenha sido lançado apenas em CD, quando no Brasil ainda havia muitas dúvidas sobre esse formato, as músicas foram gravadas em formato analógico no Estúdio Transamérica do Rio de Janeiro, as pesadas fitas de 2 polegadas fizeram uma viagem a São Paulo para gravar os convidados de “Assim na Tela como no Céu” e mais de uma aos Estados Unidos onde mais uma vez mixei com Tom Swift no mesmo Record Plant que então havia mudado de nome para 321 Studios, mantendo a maior parte dos equipamentos e as salas de alta classe de projeto acústico.   
Ainda nos EUA, gravei em piano solo “Eterna Canção” balada minha em parceria com Fred Góes e “Yesterday” de Lennon e McCartney que tocava muito em shows em duo com Armandinho, mas que como não consegui resolver a questão de direitos autorais a tempo do lançamento, ficou para muitos anos depois.
As fotos da capa do CD ficaram mais uma vez a cargo de Ricardo Elkind e arte da capa foi dirigida por Mauro Costa Santos, um grande parceiro que na publicidade incentivou e me ensinou muito em relação a trilhas sonoras.
Cinema Tocado foi fabricado sob encomenda pela Continental em São Paulo e têve um lançamento inesquecível no cinema Estação Botafogo dirigido por Guilherme Karam e com as participações especiais de Carlinhos Jesus e Paulo Moura.